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Futebol Feminino

Seis problemas a ensombrar o Mundial do Qatar

  • Novembro 17, 2022
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Seis problemas a ensombrar o Mundial do Qatar

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Paulo Fontes, diretor de comunicação e campanhas da Amnistia Internacional em Portugal, admite, em entrevista à Renascença, que estas mensagens “não são de todo animadoras”.

“Deixam adivinhar que os avanços feitos são aqueles que são quase obrigatórios pela pressão externa e que o Qatar está a tentar fazer o mínimo possível em termos de avanços positivos em direitos humanos, nomeadamente a questão das pessoas LGBTQ+. A FIFA não pode deixar passar nem acontecer nenhuma destas declarações de que as pessoas não podem fazer afetos em público ou que têm de se comportar de determinada forma, porque a liberdade de cada pessoa na sua individualidade tem de prevalecer”, sublinha.

As exigências da FIFA têm de ser “não só para agora, mas de agora para todo o futuro”, no entender de Paulo Fontes: “Não pode haver só esta abertura durante o tempo do Mundial e, depois, o Qatar cair novamente no esquecimento e fechar-se a tudo o que seja liberdades e direitos humanos. Tem de haver exigências de mudanças transversais e duradouras.”

Paulo Fontes defende que o desporto assenta em valores de inclusão e diversidade. Posições como a do Qatar podem dissuadir jovens não heterossexuais de perseguirem carreiras no desporto, alerta.

“Todos estes sinais são sinais de retrocesso, fazem com que todas as pessoas que vivem nestes meios desportivos e que não pertencem às maiorias da conformidade sintam que não podem ser livres. Se o futebol for entendido como um meio em que as pessoas LGBTQ+ não podem estar, todos os jovens que assim percebam que são vão considerar que esse não é um caminho para eles. Esta não é uma mensagem que devemos passar, não é uma mensagem de futuro”, realça.

Para Paulo Fontes, a possibilidade de um jovem seguir uma carreira desportiva deve ser medida apenas “pelos dribles que consegue fazer com a bola”.

O Qatar é, ainda, considerado um dos países onde os direitos das mulheres estão mais atrasados.

As mulheres qataris têm de ter permissão dos seus tutores masculinos (familiar ou marido) para várias decisões de vida, como para casar, para receber certos cuidados de saúde sexual reprodutiva e para agirem como principais tutoras dos seus filhos, mesmo estando divorciadas.

Paulo Fontes frisa que os abusos de direitos humanos “não são só questões culturais”, mas sim um atentado à liberdade de cada um e à própria sociedade. Mais uma vez, critica o papel da FIFA, que insta a assumir maior responsabilidade como agente de mudança.

“A FIFA, por um lado, promove muito a igualdade de género e o futebol feminino, mas, depois, faz poucas exigências para que essas mudanças aconteçam no Qatar. Desde há 12 anos, quando entregou o Mundial ao Qatar, que deveria estar a fazer esse trabalho de exigência, de consciencialização, de advocacia política junto das autoridades qataris. Está a ser uma oportunidade perdida. É uma pena esta década não ter sido mais marcada por avanços positivos nos direitos humanos no Qatar”, lamenta.

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