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Futebol Feminino

Capitã na Copa América, Rafaelle projeta Mundial e pede maior investimento no futebol feminino da Bahia – Entrevista – Esportes

  • Janeiro 31, 2023
  • 9 min read
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Capitã na Copa América, Rafaelle projeta Mundial e pede maior investimento no futebol feminino da Bahia – Entrevista – Esportes

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Capitã na conquista da Copa América, a zagueira Rafaelle é a principal representante da Bahia na seleção brasileira feminina de futebol. Revelada pelo São Francisco do Conde, a jogadora de 31 anos atua pelo Arsenal desde 2021 e é figura constante nas convocações da técnica Pia Sundhage para a equipe nacional. 

 

Em conversa com o Bahia Notícias, Rafaelle projetou a disputa da Copa do Mundo Feminina, marcada para acontecer entre 20 de julho e 20 de agosto, e da Finalíssima, que ocorrerá em 6 de abril, contra a Inglaterra, em Wembley. O torneio coloca frente a frente as seleções campeãs da Copa América e da Eurocopa. Os ingressos estão esgotados. 

 

“Vai ser um momento histórico não só para o futebol inglês, mas para o futebol feminino. Jogar nesse estádio, com a torcida, vai ser muito especial (…) Elas [as inglesas] vêm de um ano muito bom, ganharam a Euro e não perderam nesta temporada. É a seleção a ser batida”, destacou. 

 

Além disso, fez uma análise sobre a atual situação do futebol feminino na Bahia. Em sua visão, as coisas vêm evoluindo, mas é necessário maior investimento. 

 

“Vemos que a Bahia é um celeiro de atletas. Infelizmente, ainda temos muito a desenvolver. Se comparar o futebol baiano ao paulista, por exemplo, tem muita diferença”, lamentou. 

 

Outros assuntos abordados foram a influência da técnica Pia Sundhage na evolução da seleção brasileira, o legado que atletas como ela, Marta, Formiga, Cristiane e outras deixam para as futuras gerações, e o momento mais marcante de sua carreira. 

 

Confira a entrevista completa: 

 

Você foi a capitã da Seleção Brasileira na conquista da Copa América de 2022. Qual foi a sensação de levantar uma taça por seu país? 

Foi uma honra. Primeira vez levantando um título como capitã da Seleção Brasileira. Acho que não há um orgulho maior para o atleta, ainda mais em uma competição tão importante como foi a Copa América, que nos classificou para a Copa do Mundo deste ano e para a Olimpíada do ano que vem. Vai ficar marcado para sempre na minha carreira.

 

Você esteve fora das duas últimas convocações da técnica Pia Sundhage, por causa de uma lesão no tornozelo. Voltou a atuar já no final do ano pelo Arsenal. Tudo certo com a lesão? Já está 100% recuperada? 

Tive uma fratura do segundo metatarso, mas já voltei a jogar. Lesão acontece. É uma das coisas que podem tirar uma atleta importante de uma competição, mas faz parte da nossa profissão. Estamos em ação o tempo todo. Aqui na Europa, o calendário é bem cheio, temos praticamente dois jogos por semana, e estamos sujeitas a esse tipo de coisa.

 

Em 6 de abril, o Brasil vai disputar a finalíssima contra a Inglaterra, em Wembley. O torneio coloca frente a frente os campeões da Copa América e da Eurocopa. Qual sua expectativa para essa partida, que acontece em solo inglês, que você já conhece? 

Estamos com muita expectativa por esse jogo, o estádio está com os ingressos esgotados. Pressão da torcida inglesa, elas vêm de um ano muito bom, ganharam a Euro e não perderam nesta temporada. É a seleção a ser batida. Vamos participar dessa festa, é um jogo muito importante. Elas vão estar com a torcida a favor, mas eu estou observando as jogadoras. Algumas companheiras de time que vamos jogar contra. Vai ser um momento histórico não só para o futebol inglês, mas para o futebol feminino. Jogar nesse estádio, com a torcida, vai ser um momento muito especial. 

 

De que forma ter um palco como Wembley impacta na evolução do futebol feminino?

É importante ter grandes palcos, com grandes públicos, para mostrar que o futebol feminino hoje tem visibilidade, atrai marcas, patrocínios, isso é muito importante. Antigamente, o pessoal via o futebol feminino como só dando despesa. Hoje, acho que é o esporte do futuro. Tem crescido bastante, a tendência é crescer ainda mais. 

 

A última partida entre Brasil e Inglaterra foi em 2019, no torneio SheBelieves. As inglesas venceram por 2 a 1 naquela ocasião. São times diferentes agora, em 2019 você mesma não estava em campo. Quais são as dificuldades que o Brasil vai encontrar dessa vez e de que forma superá-las? 

A seleção da Inglaterra tem crescido bastante. É fruto do investimento que eles fazem na liga, que é muito sólida. Os grandes clubes apostam bastante no futebol feminino. Isso fortaleceu o Campeonato Inglês, e acabou fortalecendo a seleção. São sempre grandes jogos, elas estão acostumadas a esse nível de jogo no dia a dia. Então a seleção inglesa chega muito bem não só para essa Finalíssima, mas para brigar pelo título mundial. A nossa dificuldade vai ser essa. Elas estão em atividade, não pararam no final do ano. Mantivemos o campeonato durante o inverno. Algumas atletas do Brasil que jogam no Brasil, nos EUA, ainda estão de férias. Fisicamente, elas chegam à frente para esse jogo, mas temos que fazer o nosso jogo, temos que jogar em cima da nossa habilidade, trabalhar com bola e deixar elas correrem. 

 

Como você avalia o legado de atletas como Marta, Cristiane, Formiga e qual é o futuro do futebol feminino após a aposentadoria delas?

Marta, Cristiane, Formiga têm deixado um legado muito legal para quem está chegando. Não sou tão novinha assim, também. Joguei com elas bastante, peguei um pouco dessa experiência. Essa vontade, esse amor com os quais elas sempre jogaram pela seleção é algo que inspira. Hoje, vemos que o futebol cresceu bastante, muitas meninas têm uma realidade bem melhor. Quando eu comecei, era tudo muito mais difícil. Mas acho que Marta ainda tem muito o que jogar pela seleção. Não só como líder, mas como atleta, ela tem muito a agregar. 

 

2023 também é ano de Copa do Mundo Feminina, na Austrália e na Nova Zelândia. O Brasil caiu nas oitavas de final na última edição, para a França. O que você acha que falta para esse tão sonhado título vir? Está confiante para esse ano? 

Infelizmente, na Copa de 2019, eu estava machucada. Tive uma lesão no ligamento do joelho, não pude participar. Mas acho que, de lá para cá, muita coisa mudou. Muita coisa na CBF mudou. Estamos passando por um momento de renovação na seleção. Muitas meninas mais novas chegando. A chegada de Pia também agregou muito. Principalmente no meu caso, o sistema defensivo tem sido bem mais coeso, não tem sofrido muitos gols. Estamos lutando para melhorar ofensivamente, para poder brigar com essas seleções do top-5 da Fifa. 

 

Muito se fala também sobre o trabalho da técnica Pia Sundhage. Ela teve muito sucesso com a seleção sueca, e chegou para mudar o futebol brasileiro de patamar. Os títulos de maior expressão, como Copa do Mundo e Olimpíada, ainda não vieram. O que você, como jogadora, poderia destacar do trabalho de Pia? Quais foram as mudanças que ela implementou e como você avalia elas? 

Melhoramos bastante na parte defensiva, mas temos muito a melhorar como grupo, principalmente ofensivamente. Desde que ela chegou, temos mudado não só o modo de jogar, mas ela tem introduzido jogadoras mais jovens. Ela gosta desse futebol mais veloz, com mais intensidade, mais rápido. Sentimos falta um pouco de uma Cristiane, uma jogadora mais de área. Marta está machucada, não jogou a última Copa América, mas espero que na Copa ela esteja de volta. É justamente essa mistura das mais experientes com as mais jovens que vai ajudar a gente a conquistar títulos lá na frente. 

 

Você foi revelada pelo São Francisco, da Bahia, e hoje está no Arsenal. Como você avalia essa evolução na carreira?

Fui revelada no São Francisco do Conde. É uma mudança muito grande, de um time no interior na Bahia para hoje jogar no Arsenal, em uma liga que cresce bastante. Hoje, temos jogos com 40 mil, 50 mil pessoas no estádio do Arsenal. É muito legal ver essa evolução. Para mim, é gratificante. A geração de hoje ainda não se deu conta do quanto crescemos, do quanto evoluímos. Pra quem começou lá atrás, quando não era tão visível assim, é um orgulho muito grande. 

 

O investimento no futebol baiano é maior, mas ainda assim não é o ideal. Como você enxerga essa evolução? Está no ritmo que você gostaria? 

Sempre falo que o futebol baiano tem muito potencial. Temos grandes jogadoras que serviram e servem a Seleção Brasileira. Vemos que a Bahia é um celeiro de atletas. Infelizmente, ainda temos muito a desenvolver. Se comparar o futebol baiano ao paulista, por exemplo, tem muita diferença. O Bahia tem investido bem mais que o Vitória, tem apostado mais no futebol feminino. O Vitória tem que melhorar isso. É triste, porque já tiveram meninas que estavam no Vitória sem receber. Mas acho que a Bahia tem potencial, falta investimento. Precisamos dos times baianos disputando com os times de São Paulo. 

 

Rafaelle tem 75 jogos pela seleção brasileira, oito gols marcados – bons números para uma zagueira. Tem algum que você considera mais marcante? 

Um gol que me marcou bastante foi o gol no Maracanã. Estávamos nas quartas de final da Olimpíada, contra a Austrália. Estava com minha família toda na torcida, minha mãe estava no estádio. Jogar uma Olimpíada no Brasil, com a torcida do lado, fazer aquele gol de pênalti foi uma sensação que nunca vou esquecer. Fiquei preocupada com minha mãe no estádio, nervosa. Pensei: “Se eu perder esse pênalti, ela vai infartar”.



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